Mastiga e come

Devora-me a tua alma esfomeada,

sem qualquer desleixo, açodada,

pousando sobre a minha

decididamente tua,

nas esquinas de tuas ruas,

nos quartos dos teus amores,

tudo tão forte, quase sem nortes,

cheio de camas!

A boca de teus desejos dá-me medo

e acena aos meus sentimentos

fervendo, gemendo, chorando,

acertando roubar teus gozos,

esses prazeres absortos de tudo,

cheios da carne do mundo,

onde adormece a lua que,

caindo em minhas mãos,

ponho no papel, fazendo versos

versando em meus prazeres.

A noite então devora tudo

e assim sentimos fundo

o que profundamente chega

de nossos vorazes apetites