Soneto já Sem razão:
As portas da dor permanecem abertas em madeira antiga
E as janelas escancaradas trazem ventos frios e secos
Meus lábios se partem e sangram e doem e apavoram,
Minha voz emudecida não cantará versos de amor... O amor fere.
Viver já sem razão por ruas desconhecidas debaixo do sol
Não me prepara para a solidão dos teus, tão meus, pesares
Não me iludem as palavras amenas, os sonhos já não me compram
E as janelas batem forte quando a tempestade aumenta.
Inda que façamos juras secretas de amor e cumplicidade
Os meus dias reais são nas totalidades, de ausência
Sólida, amarga, fria, cruel, desesperada... Para eu me calar.
É inverno e meu coração petrificado pela dor chove lágrimas
Não suporta as condenações humanas desumanas e proibidas
Meu bem eu posso te amar, o que eu não posso é te ter em mim...
Léa Ferro. 26-07-2008