Derradeira visão
Ter teu amor para sempre
Nos braços que por toda a vida foram teus,
És senão um engano profundo e inconsciente,
Anseios cruéis que permanecem sendo apenas meus.
Não há sorriso sincero em tua ausência
Nem orgulho que em minha alma haja sem um pesar.
Pois no meu íntimo pondera aflição e paciência
Da dor que por ti, pudesse outra vez causar.
Socorro! Aos céus pendia em martírio
Dos quais por silêncio ouvira profetizar:
Sobre a caminhada terrena do homem solitário e frio,
Que nesta terra está fadado, enfim, a terminar
Teus dias de longa e árdua peregrinação,
Por quem um dia, perdidamente, pode amar,
Escreveu teu último verso de tristeza e perdição
Que em teu silêncio, outrora, preferiu calar.
Levou, na jornada da vida, as dores que sente,
E morreu só! Em companhia de sua perpétua solidão.
Fechou teus olhos em um pestanejar intermitente,
Que o trouxe, enfim, a derradeira visão,
As desventuras e o doce-amargo beijo quente,
Do amor que lhe roubou teu coração.