PEDRA BRUTA
 
Não, eu não gosto quando me dizes
que te achas um homem do tempo das cavernas
és tu quem fazes os meus dias mais felizes
sublimando-me com as palavras mais ternas
 
Nada te falta e és tu quem me completas
na plenitude do teu ser tão bem aflorada
mostras-me tudo com atitudes concretas
e me elevas da forma mais delicada
 
És pedra sim, mas não bruta
e sim um diamante bem lapidado
pois tens a mais bela conduta
que te torna brilhantemente honrado
 
Quem sou eu, homem, para ignorar-te
julgar-te um ser longe da evolução
eu vejo o teu brilho em cada parte
deste teu modesto coração
 
Esperar-te evoluir até que plano
pois que igual a ti, quem me dera ser
e cometeria o maior dos meus enganos
se acreditasse no que estás a me dizer
 
És bem mais que tentas parecer
embora não exista um ser perfeito
mas são homens como tu a meu ver
que faz a mulher ser do seu jeito
 
Não sou a perfeição humana
por mais que Deus me tenha dado
mas o meu coração de mulher não se engana
e sabe reconhecer num homem o seu fado
 
E o teu fado está tão bem traçado
reconheces a pequenez de uma minoria
que continuam com a mente no passado
caçando e matando a revelia
 
Venha, não há nada em ti que eu não goste
nem tão pouco eu desejo que nada acrescentes
em ti, não há uma ficha que eu não aposte
és bem maior demonstrando o quanto sentes
 
Eu me curvo diante da tua humildade
e com todo orgulho os teus pés eu beijo
se todos os homens tivessem a tua integridade
toda mulher desejaria ser para eles a flor do desejo
 
Não te compares a estes homens insensatos
são criaturas infelizes, dignas de compaixão
nem todos se assemelham a estes bichos do mato
e tu estás muito além desta servidão
 
Eu te imploro não te diminuas
tenho muito a aprender contigo
as rosas que eu plantei não foram ainda as tuas
e são tão impiedosas comigo
 
Cravam-me seus espinhos traiçoeiros
e muitas vezes eu não posso nem chorar
preciso dos teus ombros companheiros
para toda a minha dor se aninhar
 
Como vês, és bem melhor que pensas
e eu, bem menos que tu achas
mas juntos poderemos ser rochas imensas
que nenhuma força bruta desfaça
 
Célia Jardim
Célia Jardim
Enviado por Célia Jardim em 15/03/2015
Código do texto: T5171414
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