A última vez que a vi

Terminada a aula

Fugiam os jovens

Como o cego que vê um brilho

Do fundo da caverna trevosa.

Eu, não obstante,

Calmamente ajuntava meus compêndios

Ao silêncio das poucas vozes presentes.

Quando ela, repentinamente, apareceu

Petrifiquei-me na carteira

Espreitando o que se presenciava:

Esbelta e bem-arrumada,

Estava pronta para sair com suas amigas.

Elas conversavam à cerca da beleza da moça,

Enquanto eu, de nada conversava:

Alternativamente, empenhava-me em resistir

Às encantadoras cores e formas da menina.

Era uma apreciação proibida, assim como seu amor

Por isso, não apreciava.

Levantei um pouco tímido,

disse: "Oi, Líria!".

Seu último abraço foi um pouco desengonçado,

Um triângulo, ou talvez um pentágono.

Acompanhei-a, acidentalmente, até a saída.

Essa foi a última vez que a vi.

Daniel Reis A
Enviado por Daniel Reis A em 14/03/2015
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