Delírios de amor
Maria Antônia Canavezi Scarpa
O tempo têm uma porta colorida
descobri que há uma curva no meu caminho
e não quero cercar-me de mim mesma
nem de todos os aromas que penetram nos meus desvios
sou uma montanha
e não posso sair dos vales
Não posso sonhar com um futuro limpo
porque os ventos assopram diferentes
em cada folha...em cada lugar...
e nem todas respostas são iguais
são muitas as sementes da vida
germinando diferentes em cada lugar
Você é uma planta vulgar...
Um acalanto é sua voz
que me faz recostar cansada
quando a brisa natural
expulsa as folhas caídas
tenho a impressão
de que elas voam maciças
para recostarem-se em algum lugar
somente para nos deixarem nos cantos
Nunca consegui ser um notívaga
talvez pelo medo de encarar a noite
que sempre vem depois
que todos os raios alaranjados do sol
se dispersam para que fique
o cinza etéreo...
Tenho sonhos de entrelaçar
suas mãos as minhas
e de quando em quando grudar
sua boca na minha
tal como os guerreiros lutarmos
nos abraços
Sentir que a alma ruge dentro do peito
arfando sôfrega de paixão
até que deitemos na grama
Ah! Quanta luxúria
nesses pensamentos
divididos em doses de delírios
Somos loucos misturados ao prazer
quase sempre diluídos numa
irrefreável paixão... passageira talvez
mas gulosa...pintada de tons metalizados
de desejos
Até que como amantes saciados
estremecidos dormimos abraçados