Devaneios do coração
Desejo incessável, incansável, incurável
A si mesmo chama-se de responsável.
Vontade de corpo, pele e alma
Visão obscura, silêncio sem calma.
Tropegar por um caminho errante
Almejar um ponto distante
Na vida, tão rotineira
Na saudade, sempre corriqueira.
Um frugal arrepio
Não deve ser maior que o brio
Pérfidas são a mente
E a memória, mormente.
O coração tem um jeito hermético e altero
Brincando com os sentimentos, eu reitero
Quem sabe assim talvez encontre
Aquele que seu jogo compre.
Tentar fugir é desnecessário
Sabendo-se que o sentimento é falsário
Finge distrair-se, quem sabe esquecer
Quando no fundo, apenas se blinda de ver.
Ó, não! ele não olvida jamais
Deixa de lado seus ideais
Apenas se desvia;
O espírito esmorece, todavia.
O corpo brinca
O etéreo brinda
Se tudo trinca
O fim guinda.