o canto do pássaro amor
o coração está na garganta
há borboletas envergando asas no estômago
eu sinto o sol aquecendo a voz
mas não sei falar com o coração assim
lembro o dia em que passeando pela manhã
vi um ninho de beija-flor no caminho
os ovos tombados, mas ainda assim
prenúncio de asas, prenúncio de vida
quero anunciar a todas as andorinhas
que a partir de hoje
dormirei com elas sobre o mercado central
assim verei o nascer do dia e o por do sol
embriagada de poesia e cheiro de rio
e saberei o exato momento em que nascente em meu peito
o horizonte são retinas flamejantes que levo na memória
conto-te em segredo
o ruído dos barcos me apavora
mas a tua mão aperta-me os dedos e sinto coragem
aperta-me contra o peito
e ouço sinos mais grandiosos do que os da catedral
talvez se todos pudessem ouvir
entenderiam a grandiosidade de cada seiva
que eu colho do teu olhar
como a palmeira do açaizeiro
vergo-me ao vento
a água corre em braçadas de curvas
verde, teu cabelo verde em tiara de esmeraldas
e o teu nome,
em anelos sagrados e muiraquitãs
caminho de trevos e crisálida de sonhos
Amazônia, que eu tanto amo!
(26 de julho de 2011)