ALGEMA
ALGEMA
Silva Filho
Confesso não gostar de reticências
Se há muito me perdi nesse oceano
Ao vento sempre digo que Te Amo
Ao mundo agora faço a inconfidência.
Há sempre um repisar de desencontros
Na esteira desses dúbios cruzamentos
Quedei-me aguardando um testamento
Que a mim reservaria o teu encanto.
Já é tempo de premer por alforria
Se a força do amor rompe os grilhões
Na areia são sepultos os senões
Meu peito não comporta as abulias.
Em versos me impus disritmias
Ao extremo fiz bater meu coração
O amor me adotou por vocação
E alguém ignorou rara franquia.
Que seja doravante bem cuidado
O mor anfitrião dos sentimentos
Não há porque faltar o condimento
Tempero da loucura e do pecado.
Se o amor, qual inflamável, reacende
Sem mesmo consultar a combustão
A chama que nos queima o coração
É algema... ou o elo que nos prende.