OLHAR SENSITIVO

Caminhei pela praça das águas

Senti gente de todas as cores.

O vento, meu namorado ousado,

esteve enamorado dos amantes

despiu-se diante dos cabelos

da índia caboca, nua e sem véu.

Eu, apenas fito as cenas transeuntes...

Fotografo o silêncio das imagens...

Uma mulher de sessenta, airosa

namora um garoto de 30 anos...

E penso: Amor não se compra

E se compra não é amor deveras...

Uma criança afro-brasileira

pede beijo, dança, canta e cai.

Vejo casais de amantes disfarçados,

“homem com homem dá lobisomem!”

“mulher com mulher dá Jacaré!”

Diziam um homem e uma mulher

que andavam como amantes isolados

de mãos soltas, faltando amor e amar...

Ando e encontro um menino

pedindo para sair das drogas...

me oferece um livro em troca...

Choro e ando mais um pouco.

Fito a melhor de todas a cenas da lua...

Vejo dois amantes moradores de rua

jogados e adormecidos ao chão

entregues como deuses gregos

abraçados um ao outro, quase nus...

como se aquele amor inarrável,

difícil de sair na imagem da câmera

fosse a eternidade que tanto anseio.

Rosidelma Fraga (Série de Poemas Amorosos)
Enviado por Rosidelma Fraga (Série de Poemas Amorosos) em 23/02/2015
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