OLHAR SENSITIVO
Caminhei pela praça das águas
Senti gente de todas as cores.
O vento, meu namorado ousado,
esteve enamorado dos amantes
despiu-se diante dos cabelos
da índia caboca, nua e sem véu.
Eu, apenas fito as cenas transeuntes...
Fotografo o silêncio das imagens...
Uma mulher de sessenta, airosa
namora um garoto de 30 anos...
E penso: Amor não se compra
E se compra não é amor deveras...
Uma criança afro-brasileira
pede beijo, dança, canta e cai.
Vejo casais de amantes disfarçados,
“homem com homem dá lobisomem!”
“mulher com mulher dá Jacaré!”
Diziam um homem e uma mulher
que andavam como amantes isolados
de mãos soltas, faltando amor e amar...
Ando e encontro um menino
pedindo para sair das drogas...
me oferece um livro em troca...
Choro e ando mais um pouco.
Fito a melhor de todas a cenas da lua...
Vejo dois amantes moradores de rua
jogados e adormecidos ao chão
entregues como deuses gregos
abraçados um ao outro, quase nus...
como se aquele amor inarrável,
difícil de sair na imagem da câmera
fosse a eternidade que tanto anseio.