Cala

Não cabe mais a fala resolver...

Cala pra mim;

Não se sabe mais o que sobrou pra se dizer.

Eu sei, qualquer ato de comunicação

é um risco que se ajeita inteiro

para passar despercebido.

Esses entreolhares que se olham e se pedem sem querer...

Dissimular pra quê?

Eu já cansei de evitar,

de fingir,

de fantasiar,

de pedir,

de rogar...

A memória se faz onipresente a cada novo alinhamento da intuição.

Me lamentar por quê?

Eu já até me esqueci de querer esquecer.

Cala pra mim,

sente comigo o que não é palpável aos sentidos,

mas é amável aos ouvidos.

Cala,

que o silêncio é um encontro fecundo.