Ode aos cabelos negros
Que bom que você admite, não é fácil te cativar
Se é que existem pessoas suficiente a te desvendar
És sempre um mistério sem fim, és volúpia e não negas
Se esconde e não te encontro, desencontros te levaram a mim
Ainda bem que insisto nessa nossa conexão
É que é tão nato, tão fato, tão música
Onde você está batidão faço mais não
Minhas gotas d'água na imensidão azul do mar
Acordar-te com um beijo e cegar, nesses caminhos negros
Tão teus, enrolas minh'alma ao chegar
Desculpa toda essa erudição, coisa de momento
Epifania de outro dia foi te ver em plena alegria
Tempos de carnaval nós na avenida, não nos vimos
E eu pela tua presença era só serpentinas
Alguns usam álcool, outros ainda preferem pó
Eu sou mais de cheiro, boa companhia e só
Voltando a você, és só casca a retirar
Acho que marcada demais para caetanear
Mas sabe aproveitar uma boa festa, a seresta
Não toca se ela não estiver lá
Perdoa essa pobreza e singeleza no versejar
Sou ainda amador, amo a dor, discuto, corro atrás
Sou daqueles que preferem se ajoelhar pelo amor
A correr de barbas brancas atrás...
Não posso deixar de notar sua tez e traços
Tão índios, tão selvagens ainda me perco
Nessa selva de desejos e lamúrias
Nos teus toques de candura tão inesperados
Sou seu fã e não nego, número um e não canso
Se vem patada eu seguro
Se vem silêncio, procuro
Se chegas no escuro, acendo
Se tenho você, amanheço
Em teu colo, adormeço
É complicado falar de sentimento
Mas não gosto de mentir, não há talento
Garanto que onde fores mistério serei fé cega
Onde fores partir serei cheganças
Pois admirar mulheres várias
Amar assim só uma, Luiza
Gabriel Amorim 20/02/2015