O silêncio que há
O silêncio que há nessa
batalha ensurdece
muitos dos nossos sentidos.
A Bacante também sonha-se
submissa, mas não totalmente.
Nela há resquícios dominadores
que afloram e desejam a
submissão do Mestre.
Na ponta da língua,
mais que saliva,
vão obscenas palavras
ainda não ditas.
Sim, a faminta Bacante deseja
devorar não somente a lição
dita, mas também o Mestre.
A cama, pois, será a bandeja
em que ambos se servirão.
A Bacante, ora mais libertina,
saberá dosar os papéis imaginados.
Ora Submissa, ora Dominadora.
Talvez metáforas de
uma mesma moeda
cujo valor não poderá
jamais ser mensurado.
A Poetisa, sim, permanece
em silêncio, oculta atrás
da folha em branco.
A Bacante pensa revirar
lençóis e dita os
versos desse poema.
Há silêncios nessa batalha
para que gritos possam
ser ouvidos na esteira do
desejo que não se controla.