Avestruz

Depois de três ou quatro passos a esmo,

O caminho nos chama a uma retomada;

Sem novidades, segue sendo o mesmo,

Mudança de rumo, empresa abortada...

Certos temores que à alma assombram

Fazem os timoratos tentarem um atalho;

Como se desse para escapar da sombra,

Ou, fosse sabedoria, um mero ato falho...

Não se apresse antes que revele o santo,

E te seja um alívio a simples revelação,

Claro, se pode mudar e deve, conquanto,

Não sejam caminhos de anelo do coração...

Pois esse, obstinado segue qual o tinhoso,

E colando adesivo sonega sua tatuagem;

Mas, amor encravado é espinho poderoso,

até se disfarça, contudo, segue bagagem...

O avestruz tipifica a esse fugaz lenitivo,

De tentar negar o óbvio que pulsa na veia;

É falso o refúgio de um “amor” alternativo,

No fundo, enterramos a cabeça na areia...