O teu nada
Da baça languidez de teu olhar absorto
Que no Inferno ou Céu indiferença enxerga
Vejo-me refletida tal qual corpo morto
Dilacerado impunemente por dura verga
Meus suspiros não lhe causam menor tremura:
São ímpetos ligeiros de amante crédulo
Razão cega que confunde apatia e ternura
Boca ingênua que torna amor um termo chulo
Se por acaso ainda procuro teu rosto bucólico
Ignorando da minh'alma as chagas pustulentas
Dentre as enevoadas esperanças dos sonhos meus
É que meu peito 'inda ressoa o ritmo melódico
Daquele sentimento que apenas tu alimentas
Ao deitares em mim os indiferentes olhos teus.