O teu nada

Da baça languidez de teu olhar absorto

Que no Inferno ou Céu indiferença enxerga

Vejo-me refletida tal qual corpo morto

Dilacerado impunemente por dura verga

Meus suspiros não lhe causam menor tremura:

São ímpetos ligeiros de amante crédulo

Razão cega que confunde apatia e ternura

Boca ingênua que torna amor um termo chulo

Se por acaso ainda procuro teu rosto bucólico

Ignorando da minh'alma as chagas pustulentas

Dentre as enevoadas esperanças dos sonhos meus

É que meu peito 'inda ressoa o ritmo melódico

Daquele sentimento que apenas tu alimentas

Ao deitares em mim os indiferentes olhos teus.

Zéfiro Alves
Enviado por Zéfiro Alves em 10/02/2015
Código do texto: T5132979
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