AJUSTE DE HORA


Cansado de tanto trabalhar gratuitamente,
Segue girando lentamente os ponteiros do
Antigo relógio de algibeira, cobiçado outrora.
Metal envelhecido não de ouro nem prata.

Amigo com precisão marcando o compasso
Nos segundos como se acariciasse algo.
É um ajuste de hora na certeza do retorno.
O amor vai chegar, pois o coração acelera.

Dono do gado, fazendeiro também cansado,
Quase querendo, finge não pensar no pássaro.
Ave de estimação que limpa e cuida para não
Perdê-lo, pois o segura nas mãos acariciando.
Ah, se esse pássaro o faltasse... Que seria do dono?

Fica-se tenso prejudicando preparativos.
Término da situação única feita por alguém.
Não se entende pelo fato do ilusório amar.
É normal maturar com noção de que em amor,
Quanto mais chamego amaciado excita a relação.

É cheiro de mato verde na cor da esperança...
Em esconderijo para ocasião surpreza, realisa
Ato, surtindo efeito outrem admirar a ousadia.
Enquanto lá fora cai chuva pesada adormece o
Pássaro e o seu dono energizado pelo tudo feito.

Nesse ajuste de hora, passam as horas,
Do que permanece sem existir realmente.
É audácia tanto no pássaro sem força, faminto,
Como no ajuste de hora daquele amigo relógio.

Gildete Vieira Sá
Enviado por Gildete Vieira Sá em 09/02/2015
Reeditado em 09/02/2015
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