NEM FADOS, NEM FATOS
O que há entre minha vida e a tua,
Minha carne e a ausência da tua?
O que há no vazio que somos,
Na distância que existimos,
No amor que não sentimos?
Na distância do tempo... tu rompes o silêncio,
Invades meus pensamentos e deixas-me assim,
Como adolescente manca,
Caminhando lentamente no tempo da saudade,
Vivendo o que já é passado.
Tua vida que segue reticente sem a minha
Cruza as esquinas por onde passo
E, como uma neblina, cega meus olhos,
E, como um furacão, desvia meus passos,
E, como um futuro, finge que espera por mim.
Bem sei o tempo não é uma circunferência,
Um disco que ao findar reinicia.
O tempo caminhará com toda pressa em uma reta,
Até findar-se no fim.