Apaixonado pelos seus olhos Mareados

Sim, sinto falta de você.

Sinto falta de quando eu te fazia sorrir,

ou de quando eu pensava ainda ter-te

sobre meus braços, quando você me fazia rir,

Me fazia sorrir quando falava algo inesperado

quando simplesmente falava algo que exasperado

pela surpresa, simplesmente atônito me fazia gargalhar,

quase como uma criança quando atinha-me a brincar.

Sinto falta de olhar suas costas, suas costas nuas,

mesmo que à distância somente a tivesse em palavras,

como num atônito giro de imensidade profunda,

assentia com esse jogo ignóbil, pueril e de mentes apaixonadas,

Sim apaixonei-me pelo seu jeito ao mesmo inesperado e carinhoso,

como quando arrancou de minhas mãos uma folha de papel

e ao mesmo tempo pedia desculpas, como se de sua boca viesse mel,

e eu te perdoava afável e candoroso.

Reconheço o puro romântico tolo que sou,

sem aquelas melodias de músicas que penso serem toscas,

como o arroxa e aquelas canções bregas e insossas,

não sei falar de algo que passou

Mas que de fato nunca se concretizou.

Vi e somente vi, ouvi e somente li.

Sem nunca poder tocar sua cintura fina,

de tocar seus olhos de cigana dissimulada

de mulher que enseja mas que sempre me escapa,

Aquela maresia cansada a qual brota de seu olhar,

aquele nunca dormir, porque sempre acordada despropositadamente

Ahh.. pena não poder te deixar realmente acordada apropriadamente,

de te fazer gemer, dar-te prazer, beijar

com essa ânsia de apaixonado e tolo que agora estou,

Por quê? Por que deixei-me enganar neste véu idílico,

dessas paixões desmedidas e não concebidas,

não levadas à cabo, ao frisson? Paciência...

paciência. Tento recobrar e olhar ao meu lado,

para aquela que ainda tenho comigo, sacrossanta ciência,

de ter que aguardar àquela que não me engana e que não vai voejar sobre outro prado,

mas que mesmo recôndita só têm os olhos voltados aquele que enganado,

ainda tem a decência de dizer: "sou culpado".

Culpado de me apaixonar por aqueles olhos de ressaca,

culpado de me ater aquela cintura e às promessas balbuciadas em palavras,

Mesmo quando ainda tenho a ti

Mesmo que pouco eu tenho a ti.

Acho que quando os olhos deixam de ver,

Quando os corpos deixam de se tocar,

a imaginação passa a entrever,

Porque somente a ação em si, não se pode descrever,

se vivencia - terrível Distância.

Fora das vivencias as promessas tomam forma,

o coração desprovido de ação e envolto em palavras é um perdido,

algo de insólito, simplesmente vencido,

Quando encara aos olhos da ilusão, do maya, da insólita

consolação de ter-se posto em ação.

Criatura funesta somos nós!

Criatura tola sou eu.

Que mesmo com o coração doído,

não deixo de falar difícil,

Como um poeta condoreiro,

um idiota que pensa demais com "eu-lírico".

Enfim, perdi-me.

Apaixonei-me por você, moça de olhos cansados

de por sempre não dormir ter o olhar mareado,

e agora finjo-me,

Escrevo-me, apaixonado.