E se amanhecessem
vestígios de amor espalhados ;
poemas de pele,
da alma sangrados,
derramados aos bocados,
nos lençóis amarrotados,
sem auréolas nem pudores,
lavrados na rouquidão das asas
... nos ardores...
vestígios de amor espalhados ;
poemas de pele,
da alma sangrados,
derramados aos bocados,
nos lençóis amarrotados,
sem auréolas nem pudores,
lavrados na rouquidão das asas
... nos ardores...
e lá fora,
uma garoa gostosa
e uma brisa saudosa
d'um mundo despido de nós
e se a palavra se rendesse
à carícia adocicada dos olhos,
florisse nas mãos,
nos lábios a mel,
com uma vida por desabrochar,
nos contornos, nos poros,
e o tempo já sem leito,
todo nosso, diluído ao chão
... quem de nós dois
atrever-se-ia
a quebrar esse sacro silêncio ?