Lanço as amarras, ateio o nó
Para que ancore meu coração descompassado.
Também sou isto, o que não vês:
- Dura, incerta, sólida. Em renovação.
O cais da desesperança abandonou-me
Num tempo esquecido,
E acendem-se minhas pupilas
Quando me inflamas em teu desejo
E dizes meu nome, baixinho.
Guardarei meus sonhos em teus dias
Para a fina hora do sol que se põe
E descansa o azul, trazendo o lilás ao entardecer.
Lavando vidas em chuva do horizonte
Rompe-se a voz em meu peito
E desperta flutuante sobre as águas
Em ondas que navegam os passos teus.
Lanço as amarras em teu portão
Que se abre como as rosas de uma primavera
Eterna, a florir! ...Meus mares são teus.
Foto e texto: Léa Ferro