Os olhos
Incessantemente me fitam no âmago,
Remexendo as minhas entranhas
distorcendo os meus pensamentos
Extirpando-me os delírios
Protagonizando-os pro seu prazer
Aquela cigana artesã tecendo a sua teia
Como uma viúva negra seduzindo com a sua dança
Os lábios vermelhos me sorvendo as forças
O canto da sereia me lançando nas pedras
Iansã acolhe-me entre os ventos
Iemanjá arrasta-me de volta
O olho do furacão se multiplica
Lanço-me à sorte
Sonho antes de dormir com aqueles olhos.