Escrever o amor

Se o lápis pudesse imprimir

De maneira tão real e sincera

O que sente o meu coração,

De tão sublime que é, deveras,

Toda esta folha seria enfeitada

Das mais vivas cores luzentes,

Qual numa tela pintada

Por artista de alma ardente.

Se estas palavras pudessem notar

O que realmente sente o poeta,

A esta folha iriam desertar,

Abandonar sua inércia secreta,

Unir-se-iam a outras palavras

De outros corações em chamas, talvez

Ligados por veias escravas,

Debaixo de carne e de tez.

Então, numa explosão de luz e de cor,

Saberias, Motek, melhor do que lendo,

Pois este lápis fracassa no amor...

Apenas se extende à mão, escrevendo.

Mas cumpre bem sua função:

Até essa ofensa a si tem redigido.

Porém, se quiseres saber do coração,

Nele, do meu amor encontrarás o real sentido.