PESADELO

Bem que tentei ser tua imagem em mim...

Quebrei espinhos por onde andei,

Nadei na lama em busca de ti,

Mas na chuva das incertezas despenquei

E meus braços ergueram minhas pernas

Já trôpegas pelas andanças mundo afora...

Segui capenga por um destino incerto,

Naveguei pelos mares das agonias

E dormi sobre o regaço da natureza mãe

Acampado nos areais dos vales escuros...

Bem que tentei trazer-te à luz dos olhos,

Porém teu vulto era apenas sensações

Que me traziam arrepios no intenso calor

E nem tua sombra se compadeceu do idílio

Que me fez chorar perante dunas de solidão...

Deixei que o tempo amainasse a tempestade

De uma saudade que me corroía a existência,

Todavia as horas me pareceram desertas

E meu pensamento perdeu-se num porto vazio

Onde as embarcações enclausuravam suas velas...

Lágrimas amargas lamberam minha face nacarada

E eu não sabia onde pôr meus pés ressabiados...

Nas estradas divisei bueiros e minerais pedregosos,

Prontos para asfixiar-me uma coragem já combalida

E atolada nos pântanos selvagens das madrugadas...

Profundos precipícios circundavam meu sentimento

E meu sol transformou-se em lua em pleno dia...

Sonolento e imberbe, levei olhar para dentro de mim

E me pude despertar dum pesadelo vindo dum poço

Que me fez adormecer acordado diante do amanhecer!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 18/01/2015
Código do texto: T5105445
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.