Interpretação do amor
Marcos certo dia hesitou.
Preferiu manter-se calado
a ter que julgar todos os fatos.
Marcos certo dia repousou seus olhos
nos meus.
E eu podia jurar que tudo
fosse acabar.
Marcos, saiba que aqueles
marcos marcados ficaram
cravados em meu peito.
Nas ondulações das suas
notas tocadas,
ainda me perco.
Ainda fico destacada - atacada
pela música a mim direcionada.
Na doçura de sua voz,
entro em devaneio.
Vagueio por entre sua feição
e sua mão em minha direção.
Dos seus defeitos,
transformo-os em enfeites,
e trazem efeitos
em cada luta não dita - não vista.
Na curva do seu sorriso
uma ressalva: a delicadeza
se fez presente,
a lucidez me desabrigou,
na espreita observou.
No seu olhar observo cada
pensamento efêmero.
Duradouro.
Cada memória guardada.
Restaurada.
À espera de ser contada.
Cantada.
Na canção escolhida,
faço de conta que é poesia,
e nessa encenação apelo
pelo o que minha imaginação faz.
E fujo.
E corro.
Tecer elogios à sua pessoa,
seria como tomar para mim
todas as hipérboles do mundo,
e deixá-las na estante
tornando-se um zelo obrigatório.
Fiz desse amor a minha dor.
E memorizo cada detalhe teu,
para fazer de você o meu presente
mais singular.
Estranho não me cansar de escrever
sobre você.
Estranho ainda nutrir este sentimento.
Este amor.