SOBRE AMOR E LIBERDADE

não quero escrever pra ilustrar minha tristeza.

estou bem triste.

ilustrá-la seria algo sem fim,

apesar de ricamente poético.

sei que o principal do amor

é a liberdade.

liberdade de saber que não é possível

nem recomendável

prender ninguém.

não que não seja possível

se relacionar da forma que se quer,

como estar a dois.

mas que não adianta a vigília,

não adianta o compromisso,

não adianta nada disso,

as pessoas são fazem o que querem de si.

o amor é unilateral,

as relações não são unilaterais.

amar e desejar e buscar “convencer”

o ser amado de que ele deve também senti-lo

é coisa contraditória em si.

só a liberdade total

trará sentimentos verdadeiros.

não que não valha a pena tentar,

mas não vale a pena

dar murro em ponta de faca.

há um limite no conquistar,

esse limite é a vontade alheia.

não é certo que se encontrará

alguém com quem as coisas encaixarão melhor...

mas, não, nunca,

nunca,

nunca,

é válido prender alguém a si

contra sua vontade.

os relacionamentos humanos são mais complexos

mas são talvez os mais justos

(quando feitos do modo correto),

pois são baseados na vontade mútua

de seres complexos.

não é como amar um animal

ou uma coisa.

é claro que não controlamos nossos sentimentos,

e se o pudéssemos fazer

e eles não os seriam...

você sabe o que eu sinto,

você me conhece demais.

Andrié Silva
Enviado por Andrié Silva em 13/01/2015
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