SOBRE AMOR E LIBERDADE
não quero escrever pra ilustrar minha tristeza.
estou bem triste.
ilustrá-la seria algo sem fim,
apesar de ricamente poético.
sei que o principal do amor
é a liberdade.
liberdade de saber que não é possível
nem recomendável
prender ninguém.
não que não seja possível
se relacionar da forma que se quer,
como estar a dois.
mas que não adianta a vigília,
não adianta o compromisso,
não adianta nada disso,
as pessoas são fazem o que querem de si.
o amor é unilateral,
as relações não são unilaterais.
amar e desejar e buscar “convencer”
o ser amado de que ele deve também senti-lo
é coisa contraditória em si.
só a liberdade total
trará sentimentos verdadeiros.
não que não valha a pena tentar,
mas não vale a pena
dar murro em ponta de faca.
há um limite no conquistar,
esse limite é a vontade alheia.
não é certo que se encontrará
alguém com quem as coisas encaixarão melhor...
mas, não, nunca,
nunca,
nunca,
é válido prender alguém a si
contra sua vontade.
os relacionamentos humanos são mais complexos
mas são talvez os mais justos
(quando feitos do modo correto),
pois são baseados na vontade mútua
de seres complexos.
não é como amar um animal
ou uma coisa.
é claro que não controlamos nossos sentimentos,
e se o pudéssemos fazer
e eles não os seriam...
você sabe o que eu sinto,
você me conhece demais.