A Princesa
A mão sutil de sua alma terna circunscreve,
acarinha letras que contornam meu rosto;
ruboriza quando pensar ousada se atreve,
depois morde os lábios pressentindo o gosto...
afinal, sonhar assim nem sabe bem se deve,
há o risco de que outra já ocupe o dito posto;
sonhando amparo à sua amiga logo escreve,
qual sugere que confira tudo, do lado oposto...
os sonhos idos declararam estado de greve,
e se fez vinagre o que um dia já foi mosto;
há suspeitas que seja um devaneio breve,
que um mês ou dois exorcizam tal encosto...
o fato é que dos vales derreteu a sua neve,
que fazia o verão caliente parecer agosto;
e começou a ficar pesado o que já foi leve,
ante o novo que pelo fado foi proposto...
que a princesa adormecida, pois, desentreve,
e meu peito seja o seu leito bem disposto;
se é tempo de despertar à Banca de Neve,
que meu beijo mágico repouse no seu rosto...