PÕE PRA QUARAR
Este sol, assim tão forte
Lembra mamãe no fundo do quintal,
com vassoura de piaçava na mão!
Manchas de todo tipo, dizia ela:
Põe para quarar, lava com anil,
Só não limpa consciência suja!
Ela e o dom de fazer voar,
a cada má resposta que dávamos
Voavam chinelos, sandálias
o que tivesse ao alcance,
voava longe, longe, tão longe
Bem no tempo em que vassoura, era um lindo galopante,
a comunicação tão simples, latinhas e barbante,
Um graveto qualquer, uma espada poderosa, cortante
Coloríamos a tv com celofane,
e os avós sorriam, intocáveis, na estante.
Bem no tempo em que dormíamos com os pés sujos
e qualquer lençol colorido, virava um disfarce, deslumbrante
e não sonhávamos a noite toda,
apenas voávamos até amanhecer.