A Viagem (16 anos por segundo)
No horizonte longínquo que se avista
Atento à paisagem que passa
Numa viagem para a reconquista
Você em mim se esvoaça
Para além do que persigo
Pois quão diferente é o rumo
O que importa é o que vivo
É o teu pensar que é insumo
Para os meus desejos insólitos
Se conspiro para a desejada peleja
Me retirando dos odres mórbidos
Virando a cachaça e a cerveja
Sob lua que vejo ao dia
Ardente como o teu corpo
Ave de rapina que vigia
Como eu teu regresso ao porto
Pode ser essa a viagem
Que me norteia, porém
Não me seca essa estiagem
Estou sempre úmido e além
Quando sei que em mim pensas
Do outro lado, extremo da vida
Nas hortas dessa vida suspensas
Mas na certeza intensamente vivida
Recife, manhã de 10-01-2013