Pela relva
Caminho na floresta do meu ser
no alvorecer da vida
ao anoitecer da alma
chego a alameda de meu coração
sentindo o frescor da brisa noturna
em cada coração
que alimenta o céu do outono.
Pela relva vou conversando
com as aves
e com os anjos
algo me diz
o que fazer deste momento
eu simplesmente digo:viver cada minuto sem contar o tempo.
Eram três da manhã
a chuva caía
eu lentamente abri a janela
e a gota caiu na minha testa
em forma de pedaços de chocolate
ou de algodão doce
eu já nem sabia
a alma cantava
simplesmente em harmonia
Cantava Beethoven ou Mozart
eu já nem sabia
pois era bela a maestria
com perfeita simetria
um dó
um ré
um mi
um fá
só
lá
si
simplesmente eu não sabia
que na relva do amanhã
era a chegada do meu ponto final
o término da minha jornada
mais eu não sabia
que na relva do anoitecer
os corvos vinham beber
o meu sangue até a madrugada perecer
mais eu não sabia até quando eu estava sentindo
a brisa entrar pela minha alma
com a canção da não melancolia
mais eu não sabia
pois não conto o tempo
e sim faço a vida
germinar em cada coração triste
mais eu não sabia
que a relva acabaria
e a que fim cheguei
eu não sabia
simplesmente eu não sabia...