JE REVIEN
Pensei ter ouvido teu chamado. Fui à janela e não estavas,
fui à porta, não estavas! Sentei-me numa poltrona confortável...
Tinha mesmo, do meu amado, ouvido o canto?
A janela, mantive-a sob olhar atento. E a porta entreaberta escancarada ficou. Precipitado conclui: “Nada ouvi, é apenas a voz do vento em sua ronda infinda. Lá fora chama quem ainda ouve e convida pra ciranda os amantes da alegria! Cá, só, eu fico”.
Se no vento ou se na dança, se cantando ou emudecido, é teu nome, que de muito guardado no peito meu, às vezes parece um grito. De aprisionar tua voz que nem se faz com passarinho, de vez em quando ainda vibra, longe aqui dentro, a dúvida: teria ouvido eu um canto ou seria tua voz que chegava de mansinho?
Antônio B.