Quaresma
Caia a noite. A madrugada
Prometia paz, muita paz.
E minha alma regozijava
Ao fascínio do cerro enluarado.
Lá longe se ouvia um cantar
Era um coro de vozes
Rezando para as almas
E louvando as flores da quaresma a brotar
No terreiro meu pai batia a matraca
Eu, menino sem nada entender,
Rodava o zum-zum,
De repente parava e o coro de voz
Suavemente o hino começava.
Todos em casa fingiam estar dormindo
Sem nada poder falar, mas quando a prece
Terminava abriam-se as portas
Café com leite e broa de milho nos ofertava.
A fé era latente e em silêncio todos ficavam.
Ao ir embora se agradecia num canto triste
- Talvez o milagre da vida ou do pão
Doado a quem precisava- a Nossa Senhora.
Não sei se esse canto ainda existe
A Quaresma persiste
Na minha vida de outrora
E na firme memória de quem em Sericita mora.
Caia a noite. A madrugada
Prometia paz, muita paz.
E minha alma regozijava
Ao fascínio do cerro enluarado.
Lá longe se ouvia um cantar
Era um coro de vozes
Rezando para as almas
E louvando as flores da quaresma a brotar
No terreiro meu pai batia a matraca
Eu, menino sem nada entender,
Rodava o zum-zum,
De repente parava e o coro de voz
Suavemente o hino começava.
Todos em casa fingiam estar dormindo
Sem nada poder falar, mas quando a prece
Terminava abriam-se as portas
Café com leite e broa de milho nos ofertava.
A fé era latente e em silêncio todos ficavam.
Ao ir embora se agradecia num canto triste
- Talvez o milagre da vida ou do pão
Doado a quem precisava- a Nossa Senhora.
Não sei se esse canto ainda existe
A Quaresma persiste
Na minha vida de outrora
E na firme memória de quem em Sericita mora.