Ai!

E eu que há muitos dias
Poucos tenho
Como minhas companhias
Persigo o meu desenho
Riscando na tela das molhadas noites
Choradas
E me vejo nos riscos de mim que faço
Como a menor partícula
Que pode habitar o menor espaço.

O microscópio da consciência
Afunda-me no maior dos abismos:
O que soy yo mismo
E o que pela dor da ciência
Querem que eu seja.

E ao ler os riscos
De mim que traço
A cada passo
Julgo-me não mais merecedor do espaço
Que ocupo nesta tela juíza
Dos olhos que não me enxergam
Porque não consigo ser
O que eles gostariam de ver.

É por isto que há muitos dias
Poucos tenho
Como minhas companhias.

É porque nos meus rascunhos
Não enxergam os futuros desenhos
Das minhas loucas fantasias...
 
Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 26/12/2014
Reeditado em 28/05/2015
Código do texto: T5082086
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