Poetisa e poesia

Em tempos remotos antes de conhecer a força das palavras,
Ela já tocava os corações e expandia-se cada vez mais forte,
Apenas vagando no vento,

Solta sem procurar refugio era intensa,
E havia sempre alguém pronto a lhe oferecer um colo.

Na solidão ela era mais bonita,
Na angustia mais forte,
Na tristeza era completa,
Era uma flecha nas mãos de um arqueiro,
Porém sem ter um alvo certeiro
Atingia a todos que se deixavam levar
Por frases ou sombras de sentimentos.
Tinha as folhas como companheira
E deixava nelas tudo que fluía de seu interior,
A imaginação lhe era fértil,
A a inspiração era apenas mero conhecimento intelectual,
A poesia é tão forte, que parece algo vivido,
Desejado, sonhado e esperado,
Como se fosse de muito, não era de ninguém.

Nem mesmo quando o vazio lhe consumia
E dela fluía algo profundo
As notas eram sem melodias e acordes nunca tocados,
Apenas uma simples sinfonia.
Em um coração despedaçado,

A tristeza lapidou as palavras dando-lhe vida,
Fazendo-se mais notada.
A poesia é, sem que haja razão de ser,
Acompanhada e sozinha, plena e absoluta,
Vazia e cheia, nua e vestida, inspirada e confundida,
Cheia de ponto final e reticência, rasa e profunda,
Infinita e finita e quem ousa perguntar:
“Para quem são estas palavras tão fortes e tão bonitas”?
“São sobras de uma vida que nunca foram vividas
E não fazem questão de existir”