MALAIKA- apoderar-se do que se é - ROBERTA LESSA
Amor à todas as cores: as vibrantes e até as desbotadas.
... e não é que tintar cores é também mantê-las vivas em seu brilho ou ausência dele, em seu viço ou falta dele em suas variações ou monocromias.
Clamor à todos os credos: os aceitos e até os desconheci dos.
... e não é que rezar credos é também mantê-los reais em seu existir ou ausência dele, em seu símbolos ou falta deles, em sua diversidade ou unidade.
Calor à todas as espécies: as nossas e as outras.
... e não é que saber de espécies é também valorizá-las física ou na ausência dela, em suas formas ou falta delas, em sua multiplicidade ou individualidade.
Primor à todas as sonoridades: as audíveis e as impossíveis.
... e não é que ouvir sons é também senti-se dentro ou fora dele, em sua harmonia ou falta dela, em sua pluralidade ou silêncios.
Destemor à todos os perigos: os aparentes e os por se ver.
... e não é que conter perigos é também saber-se dona e vítima dele, em sua ação ou inoperância, em seu existir ou reagir.
Sabor à toda existência: as físicas e as impossíveis
... e não é que existir é também dividir-se no ser e estar, em todo e parte, em invenção e aculturamento.
Humor à todos os sorrisos: aos contentes e até aos carentes.
... E não é que sorrir é também apoderar-se de si e do outro, em toda presença ou ausência, em expansão ou introspecção.