Poeira de Poesia
Antes do acorde,
A nudez do silêncio
Erguendo-se da seda,
Apenas o xale se faz
Carícia.
Pelo argumento
A lua adentra
Toda pomposa,
Toda redonda
Dando adeus
Ao Feitiço de Áquila.
Sobre a mesa,
As velhas e boas ferramentas
De algum menestrel escrevedor,
Ah, imaculada penumbra.
Sobre o leito,
A geografia desprovida de preceitos
D’uma pele petalada,
Ah, quisera eu decifrar os anjos.
Primórdios foram os versos
Naquele pedaço de papel
Cheirando a poeira de poesia.
18/12/2014
Porto Alegre - RS