Pétalas ao vento

Uma pétala se desvencilha de seu

encanto em minhas mãos.

No interior amarelado é possível

entender das paixões, embora tantas,

não há motivo que culmine traição

pois se permitir vivê-las é como versejar:

Expor silêncios para aliviar o nada

um tropeço onde se desconstrói o amor.

Ah! Nosso amor de incensos, areia e pedras

Tanto mais repele a sensatez das mágoas

inevitáveis, aumenta necessário o desejo

(ainda que absurdo) revestido de consciência

à entrega de dúvidas e distâncias...

Do branco do jasmim apenas a proeza

inútil dos cheiros agradáveis, quem sabe;

soprar em fim de tarde as mentiras dos livros

engolidos por nós, embaixo de árvores frondosas,

testemunhas cruéis de que a maciez

do tato seja também o doce inferno

de caminhar no amanhã incontestavelmente solitário

(embora não desprovido de ternura).

Não precisam nos explicar à noite,

é canção jogar ideias sem desferir palavras

Não nos indaguem sobre a paz,

é caos como tais tormentos nos

deixam mais leve a tatear no céu.

Apenas nos embriague a natureza com a calma

pueril de conformar o entendimento.

Pois não é preciso entender o

irresistivelmente inusitado,

nem questionar a verdade de um falso

arco-íris palpável;

Já que o amor se torna flor. E retorna vento.

Shauara David
Enviado por Shauara David em 18/12/2014
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