placa de vidro esmaltado

queria de novo as palavras

que me confortassem outra vez

a frigideira me olhava

com cara de viuvez

e eu fingia que via

procurava a poesia

na placa de vidro esmaltado

sobre o único basculante

ela continha o semblante

da nossa branca geladeira

vi que fizera a besteira

de ter brigado contigo

de ter me mantido altiva

mandando-o embora de casa

mandando-o sair da cozinha

que não era tudo o que eu tinha

que juntos o quarto e a sala

o andar de cima e o jardim

e todo o imenso quintal

não valem nada pra mim

nem têm um dedo do mal

que é sempre gostar de você

isso eu preciso entender

mas não precisava querer

que fosse dessa maneira

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 18/12/2014
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