O Tesouro
Preso ao lodo dos dias,
só por ti escuto o mar e o aprendo,
a galgar barreiras
para vir, espumoso, morrer-nos aos pés.
Por ti sei de caminhos escusos
em que nos perdemos para ficar
ancorados na noite.
O corpo aberto à luxúria,
a raiva dos penedos, opacos e ferozes,
as vozes a clamar à porta do céu,
o deserto.
Ainda há dunas neste escuro de sol a pino
e mil mapas do destino.
És tu o xis do tesouro, a prata e o ouro,
a água
o eterno recomeço da febre.