MEA-CULPA
Em toda a minha vida tive a impressão
de estar só, de faltar alguma coisa que
não sei explicar bem o que é, sei que pisei em um
terreno pragal, além do mais árido e cruel.
Talvez o culpado tenha sido eu mesmo que
deixei de sentir o aroma de cada manhã,
deixei de sentir a força da minha existência
e admirar o simples voo de uma borboleta.
Fui caminhando na estrada do tempo
e acabei esquecendo-se de ver a beleza
da flor miúda na sarjeta, o culpado
fui eu que vivi em nuvens de ilusão.
Tudo passará, mas não me perdoo
de não ter visto as coisas beleza que
ornaram a singeleza do meu existir,
a beleza de uma gota de orvalho
sobre uma pétala...
Depois de tantas primaveras, de
tantas chuvas de verão aqui estou,
procurando entender o inexplicável, quiçá
procurando o que não exista para poder
explicar a razão de não ter sido feliz.