À PROCURA
Entro pelos corredores,
vejo milhares de portas.
Todas ou a maioria
têm de ser abertas
para que eu possa ver
a razão da vida.
Ou apenas quartos vazios,
com camas desarrumadas.
Meus inimigos me mandam
cartas de congratulações
e pistas
para eu me perder
mais facilmente.
Às vezes, adentro os quartos
e descanso um pouco sobre
as camas desarrumadas.
E, ao descansar, cochilo
e, ao cochilar, sonho
com as outras portas
ainda não abertas.
Vejo pessoas,
mas, assim como eu,
elas seguem sozinhas
pelos mesmos corredores,
olhos fixos
como se fossem corredores
de uma maratona sem fim.
Corro tão rápido às vezes,
que chego até antes de mim.