Dias de paixão
Ah, eu não penso em outra coisa!
É um pensamento rápido
Passageiro
Mas repete-se,
Imprevisivelmente
O dia inteiro
Os afazeres premem
As obrigações seguem
Automaticamente decoradas
Mecanicamente executadas
Sem restar lembranças das suas etapas
Como num ritual
Tomo goles desse vício
Desordenadamente
Alguém falou algo relativo
Ouço sem registro
Sem apreciação
Sem autocensura
É a hipnose permitida
Autoaplicada
Como dor de massagem
Como a delícia que arde
Dispersa e concentrada
A massacrante presença do nada
Essa coisa assume o controle
Comprime as estruturas
Amolece as resistências
Reivindica sem falar o quê
Assombra-me a recusa
Acusa-me de saber