FAZ DE CONTA
Faz de conta
(Herivaldo Ataíde – Dezembro de 2014)
Faz de conta que ainda somos crianças e segura minha mão enquanto caminhamos pela noite. A escuridão me assusta. O vento soprando sua canção agourenta me assusta. O latir dos cães ao longe, me recorda serenatas feitas pra te conquistar. Ainda ouço Cazuza cantando: “Mamãe tá certa eu me dei mal na escola. Mês que vem eu melhoro”
Faz de conta que ainda somos adolescentes e segura minha mão enquanto dançamos rock, abraçadinhos em câmera lenta, como fazem os apaixonados. O abajur de palha da sala, rodando faz com que a luz refletida na parede pareça uma pista de dança de uma boate encantada. Corre, Não deixa a vida te lembrar da vida. Tenho medo do bendito amanhã, que termina com todos os sonhos.
Faz de conta que ainda seremos adultos e segura minha mão enquanto tentamos nos achar. Tua distância me dá medo e esse mesmo temor é o que me mantém vivo. Seus cabelos de sol enfeitam teus azuis. Faz de conta que ainda seremos um e segura minha mão.