ESCREVO A DOR QUE NÃO PUDE CHORAR
Hoje eu escrevo a dor
Que um dia não pude chorar
Ainda lembro daquele amor
E da dor que danou-se a latejar
Daquelas que derruba qualquer um
Que não se esquece facilmente
É uma dor tão incomum
Que por um tempo me deixou doente
Meus olhos secos aguentaram
Durante toda a tempestade
Em nenhum momento derramaram
Qualquer lágrima de saudade
Ou algum arrependimento
O que é sólido desmancha no ar
E aprendi com o velho tempo
A antiga arte de amar
Que se desaprende a toda hora
Só me arrependo de guardar o pranto
Que não vai mais sair agora
Parece até que ficou num canto
Ou entalado na garganta arranhada
Ou no estômago, mal digerido
Ou talvez naquele manhã ensolarada
Daquele inesquecível domingo.