O Eterno amante
O eterno amante é o que há de fato
Embora consigo resolva fugir
Das raízes que o prendem ao ato
Faz do momento o existir
Fulgura de algo nefasto
O eterno amante se diz só
Enquanto noite a noite em gozo
Regozija-se do semblante um dó
Abstém-se de prolongar o novo
De sentimentos por outro e amor
O eterno amante vive pra dar
E recebe da outra o tesão
Os suspiros que se exalam no ar
Do prazer alheio e emoção
E noutro dia se refaz sem pudor
O eterno amante é alguém
Que não se ajoelha ao coração
Mesmo que nele haja alguém
Que lhe ranque furor e paixão
Há pra si sempre outro alguém
O eterno amante se cala na dor
Procura em outra o juízo inocente
Do vício da carne e o furor
Do gemido e tons eloquentes
Sem que haja sempre um mesmo amor