Bela Florbela... Hoje me lembrei do legado poético que deixaste para nós
Se Tu Viesses Ver-me...
Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
Florbela, assim eu lhe entendo, assim eu sorvo a sua poesia...
Quando me lembro do sabor de teus beijos, meus lábios traçam as doces linhas, num delineio de seda, linda e louca, minha boca, parece rir/cantar...cantar/rir, num desejo lírico de alcançar o teu calor.
Quando me lembro do rumor dos teus passos, do teu riso imensurável, do teu abraço que é laço...do calor de tuas mãos, quando as minhas mãos recolhidas às suas...Daí, os meus olhos cerrados, meu corpo te deseja, eu busco alcançar-te...
“Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...”