A aposta

Às vezes, amor é um sentimento vago,

nesga de luz devaneando com feixes,

só no final é que veremos o estrago,

de admirarmos a superfície do lago,

contando como nossos, ariscos peixes...

cada ingrediente de nossa louca poção,

lançamos esperançosos como uma isca;

talvez, seja a maneira de negar o não,

ou, capitularmos ao engano do coração,

que arrisca quase tudo e nunca petisca...

gastos os truques, se regeneram então,

Ainda restam muitos, vasto pé de meia;

nem a ferros nossos pés ficam no chão,

de opinar perde a sua vontade a razão,

ao perceber a vontade, de razões cheia...

às vezes, de um, o tempo sopra a favor,

após, arrepiado de andar contra o vento;

como isso é singular, o sortudo no amor,

mas, como na Mega, basta um ganhador,

e milhões de apostadores tomam alento...

eis-me na fila rabiscando a minha aposta,

de que serão meus, dos seus olhos o brilho;

armar-se de mera ilusão é pescar com bosta,

eu já disse, que a vontade à razão arrosta,

mas, vai que um dia a estéril gera um filho...