Proposta
Arde meio desértico o céu do sul,
me rebusco no oásis do regador;
é só quando guarda o pano azul,
que acalenta o verde, a outra cor;
nisso não reside bem, nem mal,
quem sabe de tudo é o Criador;
esse cambiar de planos é normal,
há muitas armas no meu arsenal,
para o seco, úmido, frio ou calor;
À toa bato letras invés de martelo,
temê-las seria um mal de beócio;
sei, o “lavoro” tem seu lado belo,
cuida do pão, meu estimado sócio;
até cobra o pedágio de algum calo,
essa “coisa de pele” nosso negócio;
atiça as ideias com cantar do galo,
como se fosse ginete e eu, cavalo,
na faina contínua de domar o ócio;
E, no primeiro dia do mês que vem,
pesa mesma carga do mês que foi;
pudesse, até renunciaria meu bem,
e daí, masoquista, diriam que soy;
por ora, ainda está sem uso, o sim,
porém sei, a “sus braços yo me voy”,
moldura que fará o retrato de mim,
chegará no tempo aprazado, enfim,
perseverança; é o nome do meu boi;
Os carinhos sem uso atados com fita,
que te reservo em prateleira especial;
com uma pletora de palavras bonitas,
que vertem de mui fundo manancial;
a esperança já começa dar sua seta,
pra entrar à esquerda depois do sinal,
seguir até o fim da vida em linha reta,
te fazer feliz, plena, amada, completa,
eis a minha módica proposta! Que tal?