Absoluto
Grande foi o fogo a varrer o monte.
Rolaram as fragas e, em mínimas ilhas de verde resistente,
morreram as últimas árvores no grito do mundo.
Vi a queda dos anjos, os corpos nus, o urro das feras
na violência da verdade.
Nenhuma gárgula vomitou o dilúvio urgente
e o ar incendiou cada garganta.
Quando te senti nos meus braços
ardias. Vinhas no fogo do teu voo raso
e sangravas no meu peito o hálito rouco do riso
em tempo de amor e lava.
Grande foi o fogo que nos varreu da noite.