Mainha Sou da Bahia
Hoje parei para orar,
a Deus ou Xangó,
não pude evitar,
por vezes me sinto de iansã,
as vezes de Jesus e de morá,
em pastos verdejantes que primam daqui,
ou pastos serenos que sopram de lá.
E orei com tanta intensidade,
que minha nega me perguntou
de onde eu era, e disse a minha nega
que painho não era daqui, nem era de lá,
nem era do Sul, tão pouco do Paraná,
disse que era de outro lugar,
uma terra de cantos, encantos e
cores de lá.
Sou um menino negro, que por vezes
é obrigado a ser branco, só para se enquadrar,
mais aqui existem aves altas, pernaltas que outrora
vão pra outro lugar.
E toda essa Baianidade Nagô me faz amar cada vez mais aquela terra, aquele som, aquela mania de chamego, aquela terra de multicores, rescendendo o meu dendé, esse coração que por vezes branco, negro, verde-claro, azul e roxo, é sem sombras de dúvidas completamente baiano.