Titãs de Açúcar
Era uma tão
solitária
quanto a outra.
A névoa com
sua mania de
ser sorrateira.
A montanha
com sua mania
de grandeza.
Eu acordava cedinho
só para assistir aquela
novela de gigantes.
Lavava a cara,
passava um café e
acendia um cigarro.
A janela parecia já
se achar palco ou telão.
O vento já sabia de cor
o seu serviço;
era só eu me sentar na cadeira
que o danado soprava as cortinas.
Devagarinho, assim como quem
não quer nada, a névoa chegava
de mansinho...
Acho que ela passava meses
em frente á penteadeira.
Acho também que ela engomava
por dias seu melhor vestido.
E tenho certeza de que os seus
melhores tons cinzentos
já tinham dona.
Sutilmente, assim como
um sussurro aos ouvidos
da amada,
a montanha fingia
que não se entregava.
A névoa, com toda a paciência
e delicadeza, dobrava aquela
senhora nobreza.
Que visão!
Estava concebido;
o beijo entre titãs
sempre será meu preferido.